Unidade Mãe-Bebê

Me recordo bem do meu primeiro pós-parto. Que sensação completamente nova! Ao mesmo tempo que era magnífico estar com um anjo em meus braços, sentir seu calor, aprender a cada momento quais eram suas necessidades, o sentimento de fundo sempre era: Pra onde eu fui? Onde foi parar aquela mulher que eu estava acostumada a vivenciar, a ser e estar? Será que ela volta?

E assim foram se passando os dias, meses, anos. Fui pegando o jeito de cuidar da minha bebê, os cuidados práticos foram ficando mais leves, mas ainda assim, a sensação de estar meio perdida, de não pertencer a mim mesma, continuava. Lembro que após mais de 2 anos do nascimento, ainda sentia que não tinha me achado. Hoje, tantos anos depois, creio que entendo o porquê. Estava procurando por alguém que eu era antes da gestação, mas essa busca sempre foi em vão.

Pois o que eu não havia entendido, nem racionalmente e muito menos com meu ser, é que eu estava vivenciando a unidade mãe-bebê. Essa unidade de que pouco se fala e que pouco se vive. Que vai além do momento da gestação, além do parto e da exterogestação, talvez até além de qualquer idade. Essa unidade tão forte, profunda e insondável. Que não se explica com palavras, mas que vem do fundo da alma, do peito e das vísceras. Eu era uma com minha bebê mas não sabia, pois isso não é falado, incentivado ou visto ser feito pelas mulheres mais velhas enquanto somos crianças, e assim, entramos em um labirinto à procura daquele velho eu, buscando uma mulher que não mais existe.

Por não saber, passei por muitos erros e buscas por mim mesma em lugares completamente errados, e após um longo tempo fui descobrindo essa unidade, amadurecendo e conhecendo a nova mulher que era. O nascimento do bebê não é o final, mas o início de uma nova fase dessa unidade que continua, que cresce em vínculo e união, que faz sermos mulheres não divididas, mas sim multiplicadas pelo amor. Não procure por você, procure pela unidade entre você e seu bebê.

De uma mãe aprendiz.