Sobre curas e cocô

na vida de uma mãe tem de tudo um pouco

29 de Janeiro de 2023

ilustração de knstartbiz
ilustração de knstartbiz

Você que é mãe sabe que o tema cocô se tornou de muito interesse desde que o bebê nasceu, não é? Pra mim também, e como fiz algo que deu muito certo por aqui, gostaria de compartilhar com vocês. Não somos uma editora que quer somente vender livros, somos uma família de verdade com seus desafios diários, e queremos partilhar com outras famílias tudo de bom e inspirador que encontrarmos, as experiências transformadoras que tivermos e tudo o que de positivo vier a surgir de nossas vivências.

Mas vamos para o cocô!

Minha segunda filha até os 6 meses de idade fazia cocô todos os dias sem nenhum problema, isso até o dia em que iniciamos a introdução alimentar e as coisas começaram a mudar. Percebi que ela foi espaçando os dias de fazer cocô, além de estar fazendo cada vez menos, mesmo eu dando frutas laxantes como mamão e ameixa fresca. Comecei a ficar muito, mas muito preocupada, pois naquele momento uma ferida escondida se abriu.

Minha primeira filha e eu sofremos muito por conta de dificuldades em relação a isso, que começaram justamente nessa fase e que perduraram até os seus 3 anos de idade. Na época eu tentei inúmeros métodos para solucionar o problema e nada foi realmente efetivo. Hoje eu agradeço todos os dias por ela ter um intestino saudável que funciona bem, mas foram muitos momentos de terror e medo, para nós duas.

Retomando: a segunda filha por fim conseguiu fazer cocô, mas chorou muito e eu fiquei extremamente mal. O cocô estava mole, não era prisão de ventre, apenas tinha ganhado um “formato”, então suspeitei que ela só estava estranhando a nova sensação, mas mesmo assim, meu coração estava muito agoniado. E poucos dias depois, ela retornou nesse ciclo de não liberar todo o cocô.

Percebo que com muitas mães é tudo um pouco mais leve, mas pra mim a maternidade é meu “calcanhar de Aquiles”, no sentido de me obrigar a me autotrabalhar arduamente, dia após dia. E por isso, com o passar dos anos aprendi algo: o medo só se vence olhando-o de frente, ou, como diria Rubem Alves, quando dizemos seu nome. Esquivar-se, esconder-se, tentar deixar pra lá o que traz temor não irá ajudar, pois mais dia menos dia a vida trará de volta a lição a ser aprendida.

Assim, fui pesquisar com vontade sobre o tema. Por dentro, algumas revelações indicaram que talvez eu mesma, quando bebê, tinha sofrido desse mal, e por isso tamanho medo de passar por aquilo de novo. Além do mais, minha necessidade de controle pode ter sido espelhada em minhas filhas na forma de dificuldades nessa área. Do lado de fora, encontrei em minha pesquisa algumas questões relativas aos bebês que fizeram sentido, e procurando métodos para aliviar essa fase, eis que me deparo com um texto que tocou meu coração, acendeu minha luzinha verde e me fez dizer com um sorriso genuíno: é isso!!!

Achei o site Bebê sem Fralda Brasil e vi todas as minhas dúvidas sendo respondidas e minhas preocupações virando fumaça. Claro que só de teoria não se muda nada, e por isso no mesmo dia coloquei em prática o que li. Eu já havia ouvido falar sobre esse método, mas nunca de forma que me chamou tanto a atenção quanto a maneira tão verdadeira que aquele texto foi escrito. Então, com receio, sem saber direito o que estava fazendo, comecei a agir.

Estou falando da Higiene Natural, uma forma muito mais benéfica, tranquila e natural de lidar com as eliminações do bebê. Sou apenas uma iniciante que se apaixonou pela abordagem, e por isso não irei me aprofundar aqui na forma de aplicação do método, mas deixarei os links no final do texto para o conteúdo que acessei.

Na primeira tentativa o cocô já começou a sair: bebê reclamou, chorou, mas porque ainda estava com a memória da última tentativa – era apenas o medo inicial de alguma coisa desconhecida. Com muito amor, palavras de conforto e carinho, passamos pela primeira etapa. 5 ou 10 minutos depois, já pude reconhecer uma nova vontade da minha bebê de eliminar, coloquei na posição e saiu muito mais cocô. Teve choro e reclamação (menos que antes) e algo diferente aconteceu: minha filha fez força conscientemente e percebi que ela entendeu o mecanismo “aperta barriga - relaxa esfíncter”. Comemoramos e ela sorriu. Deitei-a e poucos minutos depois uma nova vontade, posicionei-a e agora apenas um cocô mais líquido saiu juntamente com um pequeno choramingo. Lá dentro eu sabia que já tínhamos vencido o pior. Respiramos todos aliviados (pai e irmã estavam junto no processo de cura). No dia seguinte, posicionei-a pela manhã, e um lindo cocô com formato saiu sem esforço, sem choro, sem suadeira, sem medo, apenas como deve sair de acordo com a natureza, fácil e tranquilo.

Pra mim, isso tudo que exponho tão cruamente não tem a ver só com cocô, tem a ver com cura, conexão e autoconhecimento. Cura, pois a Higiene Natural curou em 1 dia uma ferida dolorosa que eu tinha há anos. Conexão, pois mesmo amamentando exclusivamente em livre demanda, dividindo a cama e passando 24h grudada com minha bebê, eu ainda não havia alcançado esse nível de conexão com ela. Autoconhecimento, pois pude ver o quanto estou apartada de meu próprio corpo e de suas necessidades. Meu corpo pede pra ir ao banheiro, eu seguro mais um pouco, ele tem vontade de algo doce, eu como bolo e não fruta, ele quer descansar, eu fico no celular gastando minha visão. No dia do seu sétimo “mesversário” foi quando ganhamos esse presente que mudou nossa forma de interagir com situações tão normais mas que, por não termos sido ensinados a respeito, não sabemos o que fazer.

Meus mais profundos agradecimentos à Fernanda Paz, mensageira e primeira divulgadora desse método às mães brasileiras. Você me ajudou a curar um terrível monstro e, fazendo jus ao seu nome, o que ficou por aqui foi a paz.

De uma mãe aprendiz.

O cocô e a Higiene Natural: sinais e comportamentos
@bebesemfralda