Curando o parto

23 de Agosto de 2023

pintura de Amanda Greavette
pintura de Amanda Greavette

Pra mim, talvez o maior crime contra a humanidade foi a transformação do parto em um ato artificial. As guerras, os massacres, as escravidões, todos foram atentados terríveis contra a humanidade. Mas quando se trata de alterar o âmago, a essência do ser humano desde o princípio, que é a sua conexão primal com a mãe, fomos longe demais.

Muito além do momento do parto que foi invadido por práticas prejudiciais, outras atitudes estão alterando completamente a biologia do que é esperado por nossa natureza: separação do bebê e da mãe logo após nascer, corte precoce do cordão umbilical, retirada da placenta à força, banho desnecessário antes de 24h retirando a proteção natural do bebê, sem contar outros inúmeros procedimentos.

Alguns médicos e locais já tomaram consciência de como tais práticas são deletérias e estão modificando essas atitudes, mas tantos outros, ah, como ainda estão atrasados nesses mesmos velhos conceitos errados. Hospital e procedimentos quando é preciso? Claro! Ainda bem que temos a medicina para nos amparar! Mas toda vez? Há mesmo necessidade estando tudo dentro da normalidade?

Lugar de parir é no conforto de seu lar, no acolhimento do seu ninho, no colo de quem se ama e onde se é amada, aceita, respeitada. Descobrindo-se como fêmea, como mãe, cocriando com seu bebê o portal para a grande passagem do nascimento. Nascimento dele e seu. Já é chegada a hora de curarmos o parto e recuperarmos a potência que nos foi tirada. Parto não precisa ser sinônimo de dificuldade, mas sim de imensa satisfação e vitória. Que possamos parir com respeito e amor.

De uma mãe aprendiz.