Parentalidade sociopata

31 de Janeiro de 2024

Vivemos numa sociedade que está rapidamente se tornando uma nação de sociopatas. A principal causa disso não é a perda dos valores familiares. Também não é uma consequência de pais que são eles próprios indivíduos sociopatas ou com distúrbios emocionais. A causa, em vez disso, é a forma convencional, porém anormal, com que criamos nossos filhos.

Desde o momento do parto, as crianças são privadas daquilo que os seres humanos evoluíram para ter: o nutrimento prolongado natural à nossa espécie. Nós – pais, comunidade e governo – não estamos dispostos a assumir com nossos filhos o compromisso que é o direito deles de nascença. Trazemos filhos ao mundo, mas não aceitamos nossa responsabilidade de estarmos lá para cuidar deles.

Em nossa falta de compromisso com nossos filhos, eles são privados do apego humano que é sua “expectativa” biológica e genética ao nascerem. Negamos a eles a experiência do maternar biológico que é a base da sociabilidade humana e, muitas vezes, repartimos seus cuidados com estranhos que geralmente têm ainda menos compromisso com eles do que nós. Como nossos filhos não são nossa primeira prioridade, o melhor que alguns de nós podemos lhes dar é “tempo de qualidade”. Numa nação de indivíduos cuja maior prioridade é o “eu”, consideramos que cuidar do outro, incluindo nossos próprios filhos, signifique o sacrifício de si e a perda da individualidade.

Trecho do livro O retorno à plenitude, de James Kimmel