Quanto tempo dura o puerpério?

Quando minha primeira bebê tinha 2 meses, eu fui obrigada a sair. Era pra um bom lugar, com gente muito querida, mas do fundo da minha alma, eu não queria. Porém fui sutilmente forçada, com pequenas frases como “ah, mas sua filha já tem 2 meses” ou “não tenha preguiça, vai ser bom pra vocês”.

Não foi. Entre sorrisos forçados, me sentindo perdida naquele monte de gente, eu só queria estar trancafiada no meu ninho, no meu mundinho do puerpério que não foi respeitado.

Mergulhada até a alma naquele bebê, eu respirava sua respiração, fechava os olhos ao mesmo tempo que ela, sentia meu peito encher de leite um instante antes dela pedir. Eu estava imersa em uma outra dimensão de tempo, espaço e relação. Um relacionamento tão íntimo que jamais poderia conceber existir. E fui tirada dali. Hoje sei que poderia ter negado, mas a força de uma crença social foi forte demais pra uma mulher só.

Levei anos pra me sentir eu de novo. Não com tanta intensidade como de início, mas esse período de parecer “não ter um chão firme pra pisar” durou bastante.

Quanto tempo dura o puerpério? Eu não sei. Nem sei se isso tem resposta, se isso tem um prazo que se possa medir. É tão, mas tão particular. Seu bebê “já” tem 2 meses, 6 meses, 1 ano… mas e daí? Talvez você ainda esteja juntando os pedaços, se reconstruindo após passar por um dos mais potentes portais que um ser humano pode passar aqui na Terra.

Não tem problema você não querer sair de casa, querida amiga mãe.

Não está errado você querer estar grudada em seu bebê (e às vezes, ao mesmo tempo, querer estar longe).

Não é egoísta, não é individualista, não é ser sensível demais.

É biológico, é instintivo, é o maternar natural pulsando vivo.

Se respeite, respeite seu puerpério, pois talvez não farão isso por você.

De uma mãe aprendiz.