Partos controlados

30 de Dezembro de 2024

pintura de Amanda Greavette
pintura de Amanda Greavette

O nascimento de uma criança é de fundamental importância em todas as culturas. Toda sociedade tem seus ritos de fertilidade, seus mitos e representações artísticas sobre o parto.

Visto que a maternidade é indispensável para a sobrevivência da sociedade, as práticas ligadas ao parto tendem a refletir os valores mais profundos de cada cultura. O nascimento deixou de ser uma experiência emocional e se tornou algo técnico, assim como a morte: ambos ocorrem na estéril atmosfera hospitalar.

As emoções são mantidas sob controle por meio de fármacos, em vez de serem expressas em um ambiente favorável. A intimidade e a intensidade emocional do parto são anuladas pelas atitudes impessoais da equipe do hospital e pelos procedimentos técnicos utilizados.

A medicalização do parto como ferramenta social ensina as mulheres a aceitarem um papel de dependência e submissão. É um processo que podemos chamar de hipnose indireta. Trata-se de um poderoso instrumento para convencer as mulheres – que estão obviamente em um estado vulnerável – de que procedimentos desnecessários são essenciais, de forma que elas então se tornem gratas ao médico-salvador.

O objetivo dessa ferramenta social é a criação de uma classe feminina disposta a permitir que os partos sejam controlados pela tecnologia.

Trecho do livro Parto Lótus, que será publicado pela Coração Infinito Publicações em 2025.